terça-feira, 19 de outubro de 2010

Part V

Caros amigos,

Passemos aos tópicos dos últimos dias.

1 - A minha ideia é não parar nunca, derivado ao que mandei-me para um fim de semana (o de 10 de Outubro) de viagem às Niagara Falls e 1000 Islands. A equipa era constituída por yours trully, Catarina, Thomas e (pensávamos nós, já explico mais à frente porquê) Leonor e suas 4 roomies psiquiatras espanholas. O trajecto era longo (esperavam-nos um total de 16 horas de autocarro, distribuídos por 2 dias) mas a expectativa era muita e o preço ridiculo. 8 da manhã de sabado: chegados a Chinatown - pick up dos bus - tomei conhecimento de um mercado paralelo que é o do guia turistico chinês. O guia turistico chinês é um ser com olhos em bico, sempre sorridente e preocupado com o tempo (portanto é um mix de Gabriel du Gabon e de David Sueco, num corpo de chino) e que comunica com o mundo através de um "faive minut"(5 min) - é o que mais se ouve no seu habitat - tão estridente quanto eficaz. Nem sempre fala inglês e, quando fala, nem sempre se percebe o que diz. E foram dois destes que nos levaram a "Niágá Fó". Vacinado com a experiência na Bolivia do ano passado, o medo e a preocupação assaltaram-me o espírito quando pensei que poderia levar com um porkito mal cheiroso ao meu lado, uma criança birrenta ou um qualquer animal...felizmente, calhou-me um indiano (a probabilidade era grande já que os indianos e paquistaneses ocupam 80% do bus) simpático e lavadinho. A viagem fez-se tranquila, com uma paisagem fantástica da Pensylvania e o Karate Kid 3 nos ecrãs (FYI o Karate Kid 3 é sobre um puto americano em Pequim que aprende Kung Fu - mesmo à americano bronco..para os gajos é arte marcial, deve ser karaté. Género é português, deve ser de Madrid...such as I personally believe such as and like euh. Uns génios evidentemente). As cataratas são realmente espectaculares, o hotel onde ficámos - em Rochester - foi muito simpático. No dia seguinte, visitámos 1000 Islands que também recomendo, sobretudo em havendo possibilidade de comprar uma das ilhas e montar lá uma casa. Senão, dar uma voltinha numa de voyeur também não é mau de todo. Voltámos para NYC muito confortáveis e correu tudo optimamente.
Apenas um pormenor, a Leonor e as 4 espanholas foram colocadas num outro autocarro que, por força do seu guia criativo, achou por bem inverter os passeios. Resultado: comeram pior, ficaram num motel e chegaram a NYC 2 horas depois de nós. Conselho: fujam dos especimens criativos e, como já dizia Lauro Dérmio, apostem nos clássicos.

2 - Woody. Como se recordarão, depois duma performance fugaz mas marcante num filme do Spike Lee (concerto de John Legend), posso dizer que jantei com o Woody Allen. Certo que ele estava a 10 metros de mim (e de mais umas 80 pessoas), que ele nao comeu ou bebeu (ao contrário de mim), que não olhou para mim uma única vez (enquanto que eu devo ter tirado umas 40 fotos com zoom, flash, panoramicas) mas partilhámos o mesmo espaço (deveras, de 40 m2) durante 2 horas, num ambiente cool jazz. Por isso tudo, e sei que vocês concordarão, concedo ao Woody Allen o privilégio de dizer que jantou com Malva, Malvie, Paulo, Pablo, Pal e até com Hugo. Até porque eu agora trato-o por Woody e percebo que o gajo queira quebrar o gelo. Foi incrível, para ele evidentemente. E para mim também foi simpático. Woody, quando vieres a Lisboa, dá uma apitadela que ficas lá no sofá.

3 - Conselho de Segurança das Nações Unidas. Para os desinformados que lêem o meu blog, fiquem sabendo que com uma campanha diplomática fantástica, Portugal foi eleito membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para os próximos dois anos. Para os amigos que lêem o meu blog, desnecessário será dizer o papel decisivo que tive nessa eleição. Foi um dia único, com o contacto mais directo e puro com a diplomacia mundial e, no final, uma vitória histórica para Portugal. Como dizia um diplomata de cá na véspera "à partida, é mais dificil sermos eleitos do que Portugal ganhar um Campeonato do Mundo.". Pois fomos campeões do mundo a jogar com menos jogadores! Fantástico. O Zé (o Socrátes para vocês) já me ligou a agradecer, mas estava na casa de banho. Note to self: devolver a chamada, até porque é chato ficar pendurado.

4 - Madison Square Garden, domingo. NYKnicks vs. Washington Wizards. Devidamente equipado com o presente de anos dos meus amigos (Knicks shirt with "Malva" written on the back), apresentámo-nos para um espectáculo de dança, música, cheerleaders, emoçao, divertimento e...um pouco de basket. O que eu achava que era próprio do Us Open resulta ser um hábito de todos os eventos desportivos nos USA. No basket é pior (ou melhor, depende da perspectiva) porque não há a regra do silêncio do ténis. O jogo acontece e a música não pára, há uma criança de 10 anos a cantar o hino no inicio de cada jogo, oferecem meias e bonés (dá imenso jeito um boné a meio do jogo, até porque tudo se passa num pavilhão. A certa altura, confesso que até pensei "merda esqueci-me do boné, óculos escuros e protector"), cantam e dançam! FYI: nós aparecemos nos ecrãs do estádio!!! TWICE!!! (é nisto que vejo que estou a ficar new yorker - fico genuinamente contente por aparecer a fazer figuras de urso num ecrã do Madison Square Garden). Mais uma experiência única, esperam-me os NY Rangers e o seu hockey no gelo.

As fotos dos vários eventos estão disponíveis no facebook, para qualquer dúvida, sugestão ou reclamação, por favor contactem o Woody: w.allen@paulomalvaisthebest.com

Beijos e Abraços!

Eu (continua a ser o mais seguro)

sábado, 2 de outubro de 2010

Só um pequeno Skyline

Part IV

Pessoal, antes de mais nada as minhas desculpas pelo atraso no post. A ideia é pôr um por semana, mas com semana ministerial nas Nações Unidas - que implicou trabalho no sábado passado - ainda não tinha tido tempo para me dedicar a sério ao blog.

Aqui vão mais umas pequenas historietas de NYC:
  1. Para se perceber bem o porquê do ódio dos New Yorkers a New Jersey é passar pela MTV e ver um pouco dum dos programas com mais sucesso "Jersey Shore". Jersey Shore é sobre um grupo de homens e mulheres - todos guidos, as in descendentes de italianos -, entre os 20 e os 30, vivendo juntos e o relato das suas aventuras. De facto, é um Big Brother dos porkitos e badalhocos. Se fosse em Portugal, chamar-se-ia "Almada Power". As gajas, com silicone dos cabelos aos pés, são do mais profundo e intelectual que se viu - recorrente uso do "Oh my GOOD" e do "like euh, You know" - e os gajos vivem segundo um lema que - apesar de não ser - podia ser budista: GTL (Gym, Tan and Laundry). De entre os homes, há um que merece especial atenção: Mike "The Situation". Situation é uma Maravilha. Culto, interessante e cativante foi o criador da frase "t-shirt time!" (eles mal chegam a casa tiram as t-shirts, tipo ritual. Os japoneses tiram os sapatos, eles a t-shirt) e também de "i'm gonna smash tonight". Neste meu estado de new yorker transitório, odeio transitoriamente New Jersey.
  2. Continuando nas experiências marcantes, deixem-me falar-vos um pouco da saída de ontem à noite. Fomos jantar a Greenwich e depois seguimos para o Hudson Terrace, disco num rooftop, na qual teriamos o nosso nome em guest list. Apanhámos o metro e seguimos para o West Side, na 46 com a 12.ª Av, ou seja mesmo em cima do Hudson River. Tudo corria normalmente até comerçarmos a andar em direcção ao Terrace. Parecia que tinhamos em entrado numa realidade parelala. Acontece que do outro lado da rua do Terrace, situa-se o Pacha NY. Ora, o Pacha NY (entrada VIP é a entrada das Pachitas) é o festival dos bimbos daqui. Provavelmente porque apenas o rio Hudson nos separava de Jersey, a verdade é que vimos, entre dois camiões TIR, uma jovem rapariga soltando um jacto de xixi, em posição animal, para cima dos seus próprios pés. Gente educada pensei, prefere deixar o líquido em casa, as in nos seus pés, a sujar a rua de todos. Talvez tenha sido injusto com os Jersey....Não, não fui. São a margem Sul cá do sitio. Olhamos para o nosso Terrace e acontece que TODA a gente está na guess list. Solução: falámos com dois putos - promoters - cujo trabalho é trazer pessoal para os clubs. Estranhos a toda esta situação de promoters - que nos fizeram mudar de fila, mostrar 2x os ID's - chegámos a temer por um dos nossos rins. Finalmente, a coisa compôs-se e lá entrámos para a zona VIP do sítio. Nota: os mix's do DJ eram tão melhores quanto o número de músicas que ele misturava. Meio esquisito, posso ter assistido ao nascimento de um novo estilo musical: o Desconexo.
  3. John Legend...inesquecível. Num espaço brutal, pequeno mas cosy e onde nunca te sentes claustrofóbico, o concerto foi absolutamente fantástico. Os Roots em grande, o John é o maior e ainda tivemos direito a special guests...Jennifer Hudson foi a presença mais notada! Para acabar em grande, o concerto foi filmado pelo Spike Lee, que passou a 2 metros de mim. Quando arranjar o filme do concerto vou ver frame a frame - talvez possa juntar ao CV "special appearance in a Spike Lee movie" ;)
  4. David Duchovny a 2 metros, passeando com o filho. Vi a minha primeira Holywood star ao vivo e a cores, em ambiente relaxado e descontraído. Check!
  5. Na semana passada, fomos à abertura do ano lectivo na Julliard - escola de artes em NYC ao lado do Licoln Centre. Bilhetes grátis, sala cheia e simplesmente o melhor concerto de Jazz que alguma vez vi na minha vida. Todos eles professores na escola, puseram a plateia de pé. Só mesmo em NYC.
  6. Thanksgiving, este ano, será em Inglaterra. Can't wait!
Agenda: próximo fim de semana - 2 day trip até Niagara Falls, segunda dia 11 - Woody Allen a tocar no Carslyle Hotel, domingo dia 17 - New York Knicks vs Washington Wizards.

Abraços e Beijos com Saudades!

Eu (ontem também fui chamado Paul. E também já fui chamado Päl. A contagem continua)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

E o grupo do brunch de domingo (menos o Gabriel):

A Missão:




O Paulo:

O Pablo:

Part III

Meus queridos,
Depois duma semana rica em encontros e conhecimentos, hoje, em vez de pequenos momentos nova-iorquinos, vou-vos brindar (ou torturar, depende da perspectiva), com um misto de momentos e personagens.
Comecemos então:
1.       Gabriel, o Pensador. Oriundo do Gabão, 1,75m de altura, aproximadamente 70kg, Gabriel do Gabão (ou como ele próprio assina “Gabriel du Gabon”) será, provavelmente, a pessoa mais feliz que alguma vez encontrei. Um simples “olá” e o rapaz perde-se de riso. Apenas subsiste um problema na relação de Gabriel du Gabon com o mundo. Não comunicando noutra língua que não em “français du Gabon”, Gabriel du Gabon ri-se automaticamente quando alguém lhe fala em inglês, tornando hercúlea a tarefa do interlocutor. Ri-se de mim? Ri-se do que eu disse? Ri-se de nervos? Ou ri-se porque sim? Rindo-se por tudo e por nada, pensei apresentá-lo a Joost, o belga amigo do Jorge, que descrevi como “público fácil”. Não o fiz por medo que se matassem um outro de tanto rir, criando assim um conflito internacional sem precedentes.
2.       David, o Stressado. David é sueco. David é louro. David é organizado. Mas David será também das pessoas mais nervosas e stressadas que encontrei. Domingo, brunch em Brooklyn, 9 pessoas relaxadas à mesa, boa música, dia solarengo e eggs benedict no prato. A meio do brunch, começa a ajeitar os óculos repetidamente. Mais para o fim, mexe-se e remexe-se na cadeira. Na caminhada para o metro, insiste em andar num passo apressado, 10 metros à frente do resto do grupo. “Um natural born leader” pensei. Erro. Aparentemente é um “natural born stressed”. Acontece que estávamos “seven minutes” atrasados para ir a um museu, que estava aberto mais 5 horas. Imagino o bicho a chegar de véspera ao aeroporto para um voo no dia seguinte, a confirmar 27 vezes uma reserva. Acho que sete minutos em Lisboa, com tugas, e o David tem um AVC.
3.       Por falar no museu, apenas um pequeno à parte: entrando na loja do museu, deparamo-nos com uma parede cheia de fitas – do género daquelas brazucas para pôr no pulso – penduradas e com frases inscritas. Lê-las foi dos momentos mais cómico-trágicos que tive. Senão reparem: pego na primeira que diz “I wish I was a baseball player” – normal, pensei. (Mais um) Erro. Olhando para a segunda, deparo-me com a seguinte frase “I wish I had the courage to divorce my husband”. A sério. Fónix, se tens coragem para andar com essa pulseira pela casa, acho que a coisa está mais ou menos feita. A não ser que sejas casada com um cego e aí é pura maldade. Mas mais…desde um “I wish it was benign”, passando por um “I wish my parents were happy”, a pulseira é um adereço ideal para quem está deprimido com a vida. E o melhor: há em todas as cores para te poderes arranjar enquanto, por exemplo, mandas o marido à merda (pardon my french).
4.       “Bob” (não me lembro do nome dele, mas parecia um Jamaicano pedrado), o Cable Guy. Bob é um funcionário da TimeWarner (TV Cabo cá do sítio) que veio no sábado lá a casa para ligar a Tv e a net. Porém Bob não percebe nada de net. Bob mal sabe o que é um modem. O que Bob quer é conversa…desde ficar a olhar, impávido e sereno, para o ecrã da Tv que insistia no estado de “not connected” (apostaria tranquilo em cerca de 2,30 minutos em silêncio e sem movimento a olhar para o ecrã), a começar a ver as notícias da manhã em vez de trabalhar, repetindo 20 vezes “man, I haven’t had my breakfast yet!”, foi uma maravilha. Lembrou-me Portugal e obrigado por isso.
5.       Pequeno incidente: na semana passada, ao sair da banheira lá de casa, consegui a proeza de escorregar no chão. Derivado a querer manter a cara intacta, agarrei-me ao lavatório, o qual, feliz com a minha pega, me acompanhou até ao chão, descolando-se assim da parede. Resultado: cara intacta, lavatório novo. Esta semana, vou tentar partir a banheira e na semana que vem dedico-me ao frigorífico.
6.       Último apontamento, depois de Paulo e Pablo, fui chamado Pedro e, anteontem, Hugo. Face ao ritmo imposto pelas pessoas, acabei de estabelecer um objectivo: ser chamado por 20 nomes diferentes até me ir embora. So far so good.
Planos em curso: depois da final do US Open (adiada por causa da chuva, mas grande jogo de Nadal), é o seguinte o programa de festas: John Legend & the Roots (próxima 5.ª feira), Woody Allen no Carslyle Hotel, New York Film Festival, NYKnicks vs. Wizards, Dave Matthews Band featuring John Butler Trio.  
Muitos Beijos e Abraços!
Eu (é, neste momento, mais seguro que qualquer nome próprio)
Ps: já tenho a máquina, ainda hoje vou meter fotos aqui!